Categorias de Garupa
Desde que comecei a andar de
moto, há alguns anos, nunca tive garupa fixa, ao contrário dos outros amigos
motociclistas, que carregam suas esposas e constantemente me
cobram/lembram/achincalham disso, o que é mais um dos vários motivos pelos
quais prefiro viajar sozinho.
Entretanto, vez ou outra carrego
alguém por motivos variados, que vão de uma simples carona até mesmo por vontade
e curiosidade da garupa em dar uma volta numa moto custom. Minha Dragstar 650 é
uma moto boa para quem vai no banco traseiro: além de apoio para as costas, o
banco é mais alto que o do piloto, permitindo uma visão privilegiada de tudo
que acontece em volta e sem bater os capacetes a cada freada.
Carregando pessoas diferentes,
todavia, me faz perceber algo engraçado: a maneira como cada garupa se
comporta. Algumas já têm experiência e ficam mais confortáveis no passeio,
outras, ainda galho verde, se agarram no piloto como se sua vida dependesse
disso (o que não deixa de ser verdade se considerarmos o jargão de que
motociclista é acima de tudo um sobrevivente).
Hoje vou catalogar, para fins
puramente humorísticos e despretensiosos, os tipos de garupa que já carreguei
no lombo da minha antiga Viraguinho e minha atual Dragstar. Nomes não serão
citados e o post não pretende de maneira alguma ofender as queridas pessoas que
já tomaram um pouco de vento comigo – pessoas, inclusive, que guardo muita
consideração.
- Garupa Manobra de Heimlich:
entrelaça as mãos em torno do abdome do piloto. Cada acelerada é um golpe no
diafragma e uma leve cuspida de ar. Pouca periculosidade, se você fizer
abdominais periodicamente.
- Garupa Contrapeso: geralmente
iniciante e com medo. Você joga o peso pra direita, ela imediatamente pende
para a esquerda, desequilibrando a moto na curva, o que é bem trabalhoso de
recuperar. Nível de periculosidade alto se você dobrar desprevenido alguma
esquina. Uma conversa rápida sobre jogar o corpo junto com o piloto resolve de
imediato o problema.
- Garupa Estranguladora: passa os
braços em torno do pescoço do piloto e que “Deus nos acuda”. Apesar da baixa
periculosidade, é um pouco desconfortável. Acontece quando o banco traseiro é
mais alto que o dianteiro, permitindo o mata-leão.
- Garupa Valsa: a mais elegante
de todas. Braço direito em volta do abdome do piloto, mão esquerda no ombro do
mesmo. Confortável de andar, sem muita periculosidade. Aceleradas bruscas podem
transformá-la de imediato na Garupa Mochila. Lembro bem de uma garupa valsa.
Dava pra ligar qualquer dia desses e perguntar se ela quer novamente dar uma
volta. :P
- Garupa Mochila: geralmente
iniciante. Passa os braços no peito do piloto, trava as pernas no quadril e se
segura desse jeito sem mover um músculo. É bom e seguro, pois não faz movimento
algum nas curvas, não desequilibra a moto, não bate capacete... parece
realmente uma mochila com as alças bem justas. A última garupa mochila que
carreguei, acho, inclusive, que se desmontasse da moto sem falar nada, ela
continuaria pendurada nas minhas costas. Hue
Bônus – Garupa Titanic: certa
feita, levei uma amiga para um passeio e não percebi mão alguma me segurando.
Imaginei que estivesse se apoiando no sissy bar. Também pela altura do banco
dela, não conseguia ver nada pelo espelho. Tudo bem. Algum tempo depois, um
colega me perguntou quem era a guria que estava de braços abertos na minha
garupa e dando tchau pra todo mundo na rua. “Ah, tá explicado”.
A gente pilota e não vê de tudo,
hehe.