As histórias a seguir são reais.
Situação 1:
Travessia de balsa para
Guaratuba, no famigerado Ferry Boat. Trabalhava em Pontal do Paraná durante a
temporada e resolvi farofear em Guaratuba. Peguei a moto, estacionei lá na
frente da balsa e me apoiei na mureta, olhando pra água. Uma senhora, acredito
que nos seus quarenta e tantos, veio me perguntar sobre a moto: se era
confortável, boa para viajar, econômica. Esse é o perfil do aspirante a piloto
de Custom, gente com mais experiência de vida que prima por segurança e
conforto. Muito de vez em quando me aparece um bonezudo, sempre de pouca idade,
e a pergunta quase sempre é: “já pegou mais de 160 com ela?”. Esse perfil de
“motociclista” nunca rende muita conversa. Entretanto, felizmente não era o
caso com a simpática mulher que me abordara.
A travessia do Ferry Boat é
rápida. Não passa de vinte minutos. E nesse terço de hora, tivemos uma rica
conversa que começou com moto, foi para viagens, férias na praia e sobre como
ela detesta o tempo frio e o clima depressivo de Curitiba, salientando o enorme
número de suicídios que ocorre na capital. Contou também ser psicóloga. Expus
meu interesse em cursar psicologia e ela comentou sobre o mercado saturado de
psicologia clínica. A conversa fluiu como se fôssemos velhos conhecidos. No fim
da travessia nos cumprimentamos, trocamos nossos nomes e desejamos bom passeio
um ao outro. Segui destino e tenho boa certeza que se cruzar com ela novamente
em alguma esquina da capital, não a reconhecerei. Mas aquele dia no Ferry Boat,
esse vou guardar por mais algum tempo, acredito eu.
Situação 2:
Caminhava pelo Calçadão da XV, em
Guarapuava quando uma Harley Davidson passou na rua, roncando absurdamente
alto. Não reconheci de imediato, mas acho que era uma Dina. O fato é que virei
o pescoço para admirar a monstrona e um senhor já de idade, cabelo todo branco,
chegou próximo de mim e comentou: “essa chama a atenção, né?”. Concordei com ele
e dei continuidade a conversa, já que andávamos na mesma direção. Durante a
caminhada de duas quadras e mais uma espera no semáforo de pedestres, contei
que era piloto de Custom e ele contou sobre as motos que ajudou a cuidar
durante a visita do General Geisel (!) em Guarapuava (!!) quando ele serviu o
Exército na década de 70 (!!!). Nossa identificação foi quase que imediata.
Cumprimentamo-nos, trocamos nomes e eu segui o Calçadão; ele, desceu a Vicente
Machado. E mais uma vez, fiz amigos de cinco minutos por causa de moto.
É trivial. Mas de tão trivial,
acaba sendo interessante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário