quarta-feira, 17 de maio de 2017

Como uma moto ajuda a fazer amigos #01



As histórias a seguir são reais. 


Situação 1:
Travessia de balsa para Guaratuba, no famigerado Ferry Boat. Trabalhava em Pontal do Paraná durante a temporada e resolvi farofear em Guaratuba. Peguei a moto, estacionei lá na frente da balsa e me apoiei na mureta, olhando pra água. Uma senhora, acredito que nos seus quarenta e tantos, veio me perguntar sobre a moto: se era confortável, boa para viajar, econômica. Esse é o perfil do aspirante a piloto de Custom, gente com mais experiência de vida que prima por segurança e conforto. Muito de vez em quando me aparece um bonezudo, sempre de pouca idade, e a pergunta quase sempre é: “já pegou mais de 160 com ela?”. Esse perfil de “motociclista” nunca rende muita conversa. Entretanto, felizmente não era o caso com a simpática mulher que me abordara.
A travessia do Ferry Boat é rápida. Não passa de vinte minutos. E nesse terço de hora, tivemos uma rica conversa que começou com moto, foi para viagens, férias na praia e sobre como ela detesta o tempo frio e o clima depressivo de Curitiba, salientando o enorme número de suicídios que ocorre na capital. Contou também ser psicóloga. Expus meu interesse em cursar psicologia e ela comentou sobre o mercado saturado de psicologia clínica. A conversa fluiu como se fôssemos velhos conhecidos. No fim da travessia nos cumprimentamos, trocamos nossos nomes e desejamos bom passeio um ao outro. Segui destino e tenho boa certeza que se cruzar com ela novamente em alguma esquina da capital, não a reconhecerei. Mas aquele dia no Ferry Boat, esse vou guardar por mais algum tempo, acredito eu.

Situação 2:
Caminhava pelo Calçadão da XV, em Guarapuava quando uma Harley Davidson passou na rua, roncando absurdamente alto. Não reconheci de imediato, mas acho que era uma Dina. O fato é que virei o pescoço para admirar a monstrona e um senhor já de idade, cabelo todo branco, chegou próximo de mim e comentou: “essa chama a atenção, né?”. Concordei com ele e dei continuidade a conversa, já que andávamos na mesma direção. Durante a caminhada de duas quadras e mais uma espera no semáforo de pedestres, contei que era piloto de Custom e ele contou sobre as motos que ajudou a cuidar durante a visita do General Geisel (!) em Guarapuava (!!) quando ele serviu o Exército na década de 70 (!!!). Nossa identificação foi quase que imediata. Cumprimentamo-nos, trocamos nomes e eu segui o Calçadão; ele, desceu a Vicente Machado. E mais uma vez, fiz amigos de cinco minutos por causa de moto.
É trivial. Mas de tão trivial, acaba sendo interessante.

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