E mais uma vez as coisas
resolveram mudar radicalmente. Após quase dois anos em Campo Mourão,
trabalhando no grupamento de bombeiros da cidade, aceitei uma proposta um tanto
arriscada e realizei uma permuta para o grupamento de São José dos Pinhais.
E todos os dias que envolveram
essa mudança de cidade tiveram uma atmosfera muito estranha. A começar pela
insistente chuva, que perdurou desde a sexta-feira em que fui dispensado. Tornou a viagem um desafio maior, mais
interessante e divertido de se recordar.
A rapidez com que as coisas
transcorreram também foi estranha. Recebi a proposta para fazer essa troca de
grupamentos e, em menos de duas semanas, tudo foi acertado, e a permuta feita.
Tive que arrumar meus poucos pertences com pressa e dar um jeito de despachar
para Guarapuava três caixas, uma mochila e uma bicicleta (além de um bombeiro e
sua moto...). Não houve muito tempo para se despedir, mas ficou um breve tchau
para os amigos de Campo Mourão. Os bons colegas bombeiros, que continuarão escrevendo
sua Pequena História Vermelha e minha
amada família .˙. , que não é de sangue, mas que incondicionalmente me apoiou
nessa temporada. Um pedacinho de saudade sempre fica, por mais que o objetivo
de ir embora seja maior e mais forte...
A apresentação em São José dos
Pinhais, na segunda-feira, reservou suas surpresas. Tive as tradicionais instruções do quartel,
acerto de papelada e mais uma conversa com o comandante do grupamento. E para
minha surpresa – boa ou ruim – recebi na mesma manhã minhas atrasadas férias.
Boa porque, afinal, férias são férias. Ruim porque me ficou a esquisita
sensação de percorrer quase 500 km de estrada para apenas me apresentar no
quartel, dizer “oi” e ser dispensado. É óbvio que o sentimento bom prevaleceu!
A volta para Guarapuava foi outra
jornada. O tempo insistiu no seu cinza e, em determinado momento, eu e minha
moto enfrentamos até uma chuva de granizo em Curitiba. Dormi no apartamento do
meu grande Irmão Lucas Zago, companheiro de várias batalhas passadas, e no dia
seguinte, esperei a chuva dar uma trégua para então continuar minha viagem. Mas
a chuva não passava.
Lá se foi manhã e metade da tarde, quando então decidi
viajar mesmo com a insistente garoa, que não dissipava. Foi uma experiência
interessante, apesar de desconfortável. Pilotar na chuva é um teste de
habilidade e, realmente, dá muito medo. A chuva piorou em diversos pontos, e
não era nem metade do caminho quando eu já estava completamente encharcado. Já
estava anoitecendo quando decidi parar em Irati e prosseguir na manhã seguinte.
Fiquei num hotel na entrada da
cidade, e após estender as roupas molhadas em cima de todos os pontos de apoio
disponíveis do meu quarto, admirei um céu que já começava a limpar. Ri da
situação. A chuva resolveu parar justamente quando eu parei. Parecia até de
certa forma um teste. Uma viagem de moto de quase 300 km que já durava dois
dias, com o tempo carrancudo. E a recompensa enfim chegara, na forma de um pôr
do sol como poucas vezes admirei ...
Na manhã seguinte, com um céu
anuviado, mas tranquilo, terminei a ida para minha cidade natal, para então
descansar alguns dias, enquanto imagino o que me aguarda nesta nova
temporada...
Mesmo na semana posterior, já de
férias, houve uma insistência nesse clima nublado (e porventura tempestuoso). Isso
tudo sempre me soou simbólico, pois sempre me confrontei com muita chuva em
situações que preenchem grande parte de minhas memórias. Dias de mudança e abdicação.
Dias importantes...
Simbolicamente, me parece um aviso,
um conselho: “Se você souber suportar a chuva que cai sobre você, poderá
facilmente suportar o peso das outras mudanças, que também vão cair”.
É por isso que eu gosto de tempo
nublado...
2 comentários:
Grande Amigo... sempre belas histórias, boa escrita.... e la se vão os velhos tempos a deixar saudades.... Sucesso nessa sua nova empreitada.... abraço meu caro!!!!!
Sucesso na nova etapa, mano.
Quanto contraste neste imenso Brasil, enquanto há muita chuva por aí. Aqui não chove deste agosto! huashuas
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