segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Um dia desses... # 03

Coisas estranhas costumam ocorrer quando os dias se tornam cinzas em minha cidade...

Mas neste feriado de Finados, o fato estranho se deu abaixo de um céu azul, de nuvens velozes e uma ventania que só Guarapuava conhece...
Minha família sempre acorda cedo para prestar as devidas homenagens do dia de finados. Este ano não foi diferente e, estando eu de férias e em casa, acompanhei meus pais pelos três cemitérios onde queridos amigos, parentes ou não, saldaram a dívida que todo homem paga.
Primeiro, visitamos o túmulo de meus avós paternos, que me deixaram antes de eu poder conhecê-los, minha avó, inclusive, muito antes de eu nascer. A seguir, para os parentes de minha mãe, incluindo minha bisavó Narcisa, que me deixou em 2002. Isso foi particularmente doído, pois eu gostava muito dela. Queria que estivesse viva pra contar tudo o que fiz nestes anos, como virei minha vida de cabeça para baixo...

Mas por fim, o que realmente me intrigou foi no último cemitério, quando visitamos o túmulo da Nice, minha vizinha, que me criou como um filho durante minha infância e adolescência e passou pela transição recentemente, em 2009. No caminho para o local de seu enterro, me deparei com um túmulo e um porta-retrato familiar. Uma menina, de dez anos. Familiar, pois nos dias seguintes ao falecimento da Nice, vi o retrato dela caído dentro da “casinha” de seu jazigo e o arrumei. Senti uma tristeza estranha. Ela falecera em 99, e se estivesse viva, teria aproximadamente minha idade. Deixei o fato passar, e dois anos depois, estava eu em frente ao mesmo retrato da menina, vendo seu nome abaixo da foto. Arrepiado.
Em respeito à família e memória dela, não divulgarei seu nome, mas o que me intrigou foi que esse mesmo nome me invadiu a cabeça durante a semana que precedeu finados. Eu ficava insistentemente tentando lembrar onde tinha visto tal nome, se era de alguém conhecido que eu apenas não recordava, mas fiquei, sem sucesso, remoendo essa dúvida. Até aquela manhã ensolarada e fria, quando me deparei com ele, gravado na lápide de uma criança que hoje seria jovem...
Sim, acredito ingenuamente em sinais discretos na vida.
Parei naquela lápide de uma pessoa totalmente desconhecida para mim. E rezei por ela.
E segui destino.

Para concluir, deixo o tema de “Eu sou a Lenda”, orquestrado por James Newton Howard, música que ficou martelando na minha cabeça durante toda a manhã que percorri os cemitérios.


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