Neste domingo de tempestade,
enfim meu querido lar passou pelo equinócio de primavera. E ficou para trás o
primeiro inverno que passei em Guarapuava depois de regressar para trabalhar e
morar aqui.
Foi interessante, apesar de
sofrido, se readequar ao frio intenso que dominou dezenas de dias – secos e
chuvosos – tendo como companheira minha inseparável bicicleta, que me mantinha
aquecido no constante ritmo da pedalada.
Vou me lembrar do meu primeiro
Cross Duathlon, onde corri e pedalei numa temperatura abaixo dos 7º C,
atravessando um rio, me sujando de barro e conquistando uma colocação que,
apesar de mediana, foi muito além do que imaginava que meu corpo seria capaz de
conseguir.
Vou lembrar também da noite de 22
de julho, quando após um dia horrível, vi neve pela primeira vez na vida e fiz
parte de uma cidade que voltou a ser criança e demonstrou alegria e gentileza
como nunca antes tinha testemunhado. Na manhã seguinte, fui para o trabalho
correndo, escorregando nas grossas camadas de gelo nas calçadas, sorrindo como
nunca, com o sabor ainda vívido da pequena noite branca, que tornou minha
segunda-feira menos triste.
E vou lembrar também de uma pequena
passeada de moto, um abraço apertado e um passeio que muito me lembrou alguns
filmes que já critiquei. Foi numa feira gigante que um casal sorriu, brincou
num parque, atirou numa barraquinha de espingardas, comeu alfajor e falou sobre
vida, futuro e tudo aquilo que de tanto dependemos para sonhar e continuar
existindo. Terminou em dois beijos e um “até então”. Kiv deu sinais de querer
novamente despertar, com seus temores e esperanças. Mas Kiv continuou nas sombras, tangente e adormecido...
Agora é início de primavera. As
flores da árvore em frente a minha casa pesaram a ponto de arquear seus galhos
e já se encheram com o zunido das abelhas e um cheiro adocicado de manhã
campestre. E do inverno, sobreviverão duas coisas...
Uma lembrança doce e acalentadora
e que, apesar de tão breve, me fez mais humano, talvez. Uma memória com gosto
de Cappuccino e neve.
E a outra é uma música. Que
recebi num fim de tarde tão gelado, junto com um desejo de boa noite. Um
romance que não perdurou, mas cuja trilha virou minha lembrança deste inverno
de crônicas brancas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário