É inspirador andar por aí e
conhecer, nessas pequenas esquinas da vida, pessoas que nos são exemplo em
alguma coisa. Umas pelo caráter, outras pela tenacidade, algumas outras por
aspectos menores, como um determinado talento ou inteligência, forma de falar,
esporte que praticam ou hábito que adotam.
Nesse caso, o episódio em
especial ocorreu há algumas semanas quando, decidido, subi até Quatro Barras
com minha fiel moto e realizei o Caminho da Graciosa: um percurso de cerca de
30 km por uma sinuosa estrada cênica de paralelepípedos, estreita e bela,
margeada por paisagens lindíssimas, árvores floridas e visão panorâmica da
serra do mar. Todo paranaense deveria ter o direito de conhecer esse lugar ao
menos uma vez na vida, é de encher os olhos.
Pois então, lá pelo meio da
descida, parei em um dos vários quiosques na beira da estrada para admirar a
vista e comer um salgadinho de aipim (ou mandioca, macaxeira, tanto faz).
Nisso, um senhor chegou nesse quiosque pelo caminho inverso. Subindo. De
bicicleta. Óbvio que a cena me chamou a atenção e imediatamente fui conversar
com ele. Seu nome é Higino Moser. Residente em Jaraguá do Sul, este senhor
iniciou no dia 5 de janeiro uma ousada viagem: cruzar o Brasil do Chuí até
Oiapoque de bicicleta, numa jornada que se estenderá até o final do ano!
Fiquei bobo. Há cerca de um ano
eu viajei de bicicleta de Campo Mourão até Maringá, inspirado pelo meu amigo
ciclista, bombeiro e aventureiro Paulo Cesar Gaiovis, que perfez um trajeto de
2800 km com sua magrela. Eu registrei minha empreitada e achei simplesmente o
máximo. Mas daí, eis que conheço um senhor, mais vivido que eu, atravessando o
Brasil do Sul até o Norte! Nessa hora bate até uma vergonha de me sentir orgulhoso
das minhas viagens... Na verdade, volto a me sentir pequeno e fraco. Mas ao
mesmo tempo, me acende mais um pouco da chama de aventureiro e ideias
mirabolantes começam a rodar na minha cabeça. E bem, já está decidido. Se tiver
três dias vagos durante minha transferência pra Guarapuava, eu vou sair de São
José dos Pinhais e voltar pra minha cidade de bicicleta. Ora, se eu conheço
gente que já rodou na faixa de 3000 km, eu posso muito bem pedalar 285 km.
E por hora é isso. Que o Grande
Arquiteto do Universo ajude o Higino para que sua “pedalada” seja tranqüila e
proveitosa. E bem, quem sabe um dia a gente não se acha novamente por aí,
afinal, cada vez mais me convenço que vivemos num mundo que não é tão
gigantesco quanto eu imaginava.
Cabe na imaginação;
Num motor dois cilindros;
E até mesmo num par de pedais,
que rodam e rodam ao ritmo da propulsão humana.
Um comentário:
Boa sorte ao Higino!
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