Há quase dois meses minha permuta
foi autorizada e eu voltei para Guarapuava, para enfim trabalhar, estudar e
viver aqui novamente. O último dia em Curitiba foi tão bom quanto os outros,
pois realizei um antigo sonho de descer até Morretes de trem, intento realizado
numa manhã nublada e quente, daquelas que prenunciam uma tempestade. Tempestade
essa que veio e fechou o tempo durante a minha viagem de volta. Como ressaltei
em outro post, acho curioso como os períodos de mudança brusca que me acontecem
sempre são pontuados por dias de chuva insistente. Esse tempo, que começou no
último dia antes de minha vinda para Guarapuava, no início de março, perdurou
por mais uma semana e meia, onde o sol simplesmente não apareceu. No meio tempo
entre a chuva e a neblina, o céu teimava num cinza fosco, o plano de fundo dos
meus primeiros dias de retorno para o trabalho e faculdade.
A parte ruim desta volta foi o
súbito entrave de idéias. Não sei se pelo fato de eu voltar a me ocupar com
antigas e novas coisas e hábitos, parece que além da falta de tempo, voltou-me
uma triste falta de inspiração para escrever, tanto no blog, quanto os
concursos literários que eu pesco por aí.
Acredito que dois motivos foram
os protagonistas desse branco: um deles o término (por enquanto) da minha vida
peregrina, onde viajar era constante, seja de moto, ônibus e carona. Apesar de
cansativo e oneroso, viajar é sempre inspirador. Conhecem-se muitas pessoas,
passa-se por situações atípicas. Transcrever tudo isso é apenas consequência.
Outro motivo foi minha estagnação
sentimental (momento vergonha alheia): há algum tempo, acometido das
costumeiras paixões platônicas, eu conseguia canalizar isso de forma saudável
através da escrita. Entretanto, há um bom tempo essas marés apaziguaram e das
dezenas de musas que eu tinha para pensar em histórias e poesias, já não me
resta nenhuma forte o suficiente para me impelir a um bom texto novamente. A
busca continua, mas já não me anima da mesma maneira...
E desde então, venho tentando
caçar aos poucos pedaços de uma inspiração perdida, e disciplina para sentar e
escrever novamente, de maneira mais fluida. Assim, peço desculpas ao eventual
leitor deste blog por meu desleixo. Tentarei em breve retomar a constância nas
postagens e o meu velho sonho de escrever um ou mais livros, sonho que eu só
não executei até agora por simples preguiça. Um pecado considerado leve, mas
que nos priva de realizar muitas metas boas, grandiosas e possíveis.