quinta-feira, 12 de abril de 2012

Coração Peregrino


Das três cidades que me acolheram, guardo como símbolo de suas boas vindas o baluarte de fé cujo simples relance sempre me renovou num ideal tão difícil de manter...

Respectivamente as Catedrais de Guarapuava, Campo Mourão e Maringá.

Lá se vão quase dois anos desde que abandonei minha zona de conforto em busca de uma promessa de aventura, redenção e emprego estável... Nesse meio tempo, me tornei um visitante da minha própria casa, e no decorrer dos meses, a terrível saudade inicial que me fazia sonhar com meu passado em Guarapuava aos poucos foi sumindo em favor da minha adaptação à vida independente.
Por um lado, foi gratificante. Dizem que é saindo da zona de conforto que a vida começa, e não poderia traduzir isso de melhor maneira  do que indo morar durante meio ano num quartel em Maringá e ver e viver coisas que me enervaram, mostrando o quanto meu filtro psicológico estava fraco (não que tenha melhorado muito, mas estou constantemente tomando providências quanto a isso).
Após Maringá, já formado soldado, me juntei as fileiras de Campo Mourão. Mais uma vez um lugar que me afeiçoei ficou para trás, em promessa de um novo lar. E Campo Mourão é atualmente minha casa.
Entretanto, essas mudanças em tempo relativamente curto surtiram um efeito desconfortável... A cada dia, vejo que menos tenho um lar, um lugar só meu. Mesmo após um ano em Campo Mourão, ainda me sinto um estranho, sendo minha única conexão com meu antigo mundo minha tão amada Ordem DeMolay, com meus Irmãos, Tios e Tias mourãoenses. 
Maringá foi (e é) um lugar maravilhoso, de lembranças ferozes e doces, entretanto é uma cidade que hoje valorizo apenas a visita, não é um lugar que atualmente desejo morar. E quanto a Guarapuava... meu coração ainda bate forte por minha terra de vento, frio e nebulosos dias de inverno, mas cada vez que vou lá, sinto que sou apenas uma visita, que já cortei de certo modo meu cordão umbilical, apesar da saudade...
E todos esses sentimentos se juntam ao fato de que constantemente viajo pelo meu Estado, em eventos, visitas, concursos ou simples aventura... Uma mochila nas costas, uma plaquinha e um destino. E um pequeno mundo cinza que me faz crer cada vez mais que minha casa já não é mais uma cidade, mas um Estado inteiro...


Nota sem noção: muita gente fica impressionada (ou consternada) quando conto que todos os pertences que tenho para viver em Campo Mourão cabem numa mochila de 80 litros (com exceção da bicicleta, rsrs). E que até hoje nunca mais tive cobertor, e quando faz frio, apenas me cubro com o saco de dormir.  Viver sozinho também me tornou criteriosamente minimalista...